13 de out. de 2013

Filme | Gravidade
Helena Souza13 de out. de 2013


Houston, às cegas, MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY..
Nem preciso dizer que aqui está cheio de spoilers do filme, não é? Então siga por sua conta e risco.

Primeiro, vou prestar um serviço público: não comprem comida para acompanhar o filme.
Das duas uma: ou você vai comer tanto por causa da tensão do filme que ao final, não vai conseguir levantar da cadeira ou você não vai conseguir comer por causa da tensão e ao final do filme, vai ver seu saco de pipoca ainda cheio. Escute quem já passou por isso ao assistir esse filme.
Segundo, eu fui assistir esse filme porque o trailer é agonizante. Me imaginei à deriva no espaço e não gostei. E também fiquei curiosa para saber como que eles conseguiram manter um filme em que se passa somente no espaço e com somente uma pessoa. Desafiador a ponto de ser a maior decepção de bilheteria ou um grande sucesso.
Sim, o filme se passa somente e somente no espaço. Ele não começa com algumas cenas da Ryan Stone aqui no planeta mostrando como era a vida dela ou o que aconteceu na Terra quando o acidente com míssil aconteceu e como se repercutiu a história aqui na Terra. É somente o acidente e em como os sobreviventes se comportaram.

Sobreviventes? Então...

Gravidade já começa com a doutora Stone mexendo no telescópio Hubble, ela desenvolveu um sistema que melhoraria o telescópio e a NASA pediu para que a própria doutora colocasse em funcionamento o que ela inventou em troca de fundos para as pesquisas dela. Então, Ryan Stone não era uma astronauta, ela passou por treinamentos para conseguir ficar por um pouco mais de uma semana no espaço. A missão seguia dentro dos conformes, tanto que todos no espaço (cerca de 5 astronautas incluindo a doutora) e ‘Houston’ já estavam cansados das histórias de Matt, “Lembro de uma vez no carnaval de 1987 que eu conheci essa garota [...]”, coisas do tipo e o querer dele quebrar o recorde de passeio no espaço, visto que essa era a ultima vez que ele ia para lá. Aposentadoria estava chegando. Mas algo aconteceu. Os russos enviaram um míssil para destruir um dos satélites (espião, eu acho) e os destroços deles formaram uma nuvem rápida e mortal que seguiam na direção da estação espacial americana.
E foi aí que começaram as mortes. Com a estação americana totalmente destruída, sobrou apenas a doutora e Matt. Agora eles teriam apenas 1h30min para chegar até a estação russa para conseguirem alcançar a chinesa para terem alguma chance de voltar para a terra, que era o tempo que os destroços demorariam para dar uma volta na Terra e os acertar novamente. Mas algumas coisas dificultaram isso, como por exemplo, a falta de oxigênio da doutora. Estava em 10% quando ela precisaria de pelo menos 15% para chegar.
Durante o caminho – somente Matt tinha em seu traje um propulsor que possibilita ir para a direção desejada – houve uma conversa simples, mas profunda entre os dois. Descobrimos um pouco sobre a doutora. O que é totalmente relevante, visto que a única coisa que sabemos dela durante o filme inteiro foi o que foi dito por ela nesses poucos minutos. O sorriso que se forma quando eles chegam na estação russa é o que se vai quando acontece uma perda no filme. A morte de Matt para mim foi a mais agonizante e sofrida do filme, talvez até da que posso imaginar, mas não falo em dor física, falo em dor emocional. Para que Ryan tenha uma chance de sobrevivência, Matt teve que se soltar dela e sem o propulsor – havia acabado –, o astronauta ficou vagando no espaço e apenas esperando seu oxigênio acabar. Para mim foi difícil imaginar os sentimentos que ele possa ter tido enquanto via lentamente seu nível de oxigênio cair e ele na escuridão, sozinho.
A partir desse momento, em que a doutora se viu sozinha no espaço, é que nós começamos a ver a garra que ela tem, uma pessoa inexperiente que enfrente grandes desafios sozinha. Ela enfrenta novamente outra nuvem de destroços, visto que a 1h30min já passou. Enfrenta incêndio. Enfrenta o medo. Tenho, sou obrigada, eu devo reconhecer a ótima atuação de Sandra Bullock que incrivelmente conseguiu passar todos os sentimentos da doutora. Quem nasceu para ser atriz, nasceu, não é?
Lembro dizer que toda a comunicação com ‘Houston’ foi perdida desde o incidente no começo do filme. Ryan (que raios uma mulher se chama Ryan? Mesmo com a explicação que ela deu...), tanto na estação russa como na chinesa tentou se comunicar com a base na Terra, porém se sucesso. A não ser que você considere como sucesso quando ela conseguiu sinal de rádio, mas foi com uma casa em algum canto da Ásia. E foi na estação russa que aconteceu os momentos mais emocionantes do filme. Quando a doutora perde as esperanças de voltar para Terra porque a cápsula que estava não tinha mais combustível e consegue o tal sinal de rádio e mesmo sem um entender o outro, ela começa a conversar com o homem e se emociona quando ouve o latido de um cachorro e o choro de um bebê.
Mas o tempo passa e Ryan perde as esperanças de voltar para a Terra, então decide se matar ao diminuir o oxigênio da capsula. E quais são uma das consequências da baixa oxigenação juntamente com o cansaço? Alucinações. Eu, assim como todos, pensei que Matt de alguma maneira louca e surreal realmente tinha sobrevivido e achado a doutora naquela capsula.  Ele disse palavras que incentivaram a doutora a não desistir, inclusive, a como fazer funcionar aquela capsula que estava sem combustível. E foi em seguida que teve a cena mais emocionante que 7 entre 10 pessoas que assistiram ficaram com o coração na mão. Foi a cena em que Ryan volta a tentar fazer funcionar enquanto falava sobre a filha dela, sobre os sapatos vermelhos e que era para Matt avisar para a garotinha. “Pousar é o mesmo que lançar” é a frase que não saiu da minha cabeça durante o resto daquela tarde, talvez porque ela seja a frase reviravolta do filme.
Ryan consegue chegar na estação chinesa e quem está vindo novamente? Os destroços acumulados que deram novamente uma volta na Terra. Ryan tem que ser rápida, a estação chinesa foi atingida e está caindo para dentro da atmosfera terrestre. Ela tem pouco tempo para fazer aquele painel chinês ser algo que ela entenda. Agora era vida ou morte. Mesmo. Com a alta temperatura que a capsula atinge ao entrar na atmosfera, qualquer erro que a doutora cometesse, seria fatal para ela. E uma das imagens mais bonitas do filme é essa. Aquele lixo espacial entrando na Terra e se desintegrando. ‘Uma das’ porque o filme é repleto de imagens bonitas.
A doutora pousa em um lago, o que é muita sorte, pois se pousasse na terra, a chance de acontecer uma explosão seria enorme, visto que o painel da capsula começou a faiscar desde que entrara na atmosfera. A emoção que Sandra Bullock consegue transmitir quando finalmente sente areia e a gravidade fazendo seu efeito é incrível, deve ter sido um grande desafio para a atriz interpretar uma pessoa que ficaria nessas condições. Provavelmente esse é o motivo de eu estar tão cheia de elogios para a atriz. Lembra quando disse que o filme somente mostra o espaço? Então, ele acaba justamente quando a doutora consegue ficar em pé e começa a caminhar pela praia. Pronto. Acabou. Não tem mais nada. Não mostra o que a doutora fez a seguir, em nenhum momento mostra a reação de ‘Houston’, nada, nada, isso foi o que mais me impressionou. Eles conseguiram fazer um filme interessante que se passa somente no espaço.  O 3D do filme? É ótimo, eles souberam muito bem como usar, tanto que na sala do cinema eu via pessoas se esquivando dos destroços de satélites e estações espaciais. Ok, eu também era uma delas.

Ano: 2013
Classificação: 12 anos
Atores principais: Sandra Bullock e George Clooney.
Sinopse: Matt Kowalski é um astronauta experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble juntamente com a doutora Ryan Stone. Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um ambiente completamente inóspito para a vida humana.

Curiosidades:
  • Quem primeiramente foi escalada para o papel da doutora Stone foi a atriz Angelina Jolie, porém, ela decidiu não continuar. Depois de vários testes com atrizes (inclusive Natalie Portman), Sandra Bullock foi a escolhida.
  • E quem ficaria com o papel do experiente astronauta Matt, seria o ator  Robert Downey Jr., porém não participou por causa de seu estilo de atuação que não era o que a produção requeria.
  • Foi desenvolvido um sistema de cabos (automático e manual) que davam a impressão de flutuação.
  • James Cameron disse que Gravidade foi o melhor filme sobre espaço que já foi produzido.

Sobre:
Helena Aquela garota que ama conversar sobre séries. Sério. E ela tem a incrível habilidade de criar as mais loucas teorias quando se envolve com alguma delas. As primeiras séries que assistiu foram Xena e Caçadora de Relíquias na Record aos 10 anos e desde então sua watchlist apenas aumenta. Banco de Séries e Twitter.